domingo, 24 de junho de 2007

Uma janela de bar

A luz estava acessa. Era um dia boêmio, típico sábado à noite. Pessoas de todos os tipos lá embaixo. Homem com homem. Mulher com mulher. Marijuana. Fuscas brancos. Cerveja barata. Velho Barreiro. E gente interessante também, é claro.

Entre um beijo e outro, ela olhava praquela janela e não conseguia imaginar como alguém podia morar ali, naquele lugar, em cima de um buteco sujo infestado de gente podre, que não pensava em nada além da maconha de cada dia. Mas ela se contentava, afinal, as pessoas fazem o que querem da vida e quem morava ali, certamente, era um típico freqüentador do bar. Um gay, um vagabundo, um desvirtuado, um artista alucinado, ou, simplesmente, alguém. Alguém assim, que não se importava com aquele cheiro forte todo santo dia, ou com as brigas entre punks de cabelos espetados – e como, poderiam furar um olho! - , e também os acidentes que aconteciam por ali, tipo cair de barriga numa grade e perfurar o pulmão. Se não se importasse, tudo bem. Com certeza, ela se importaria.

E a noite ia passando lentamente, como aqueles dedos que roçavam na sua nuca e aqueles infinitos segundos esperando na fila daquele banheiro imundo. Pois é, as noites são sempre assim: relaxantes; porém, ao mesmo tempo, sombrias. Donas de uma tranqüilidade que o dia não dá. A noite pertence aos que querem descansar, independentemente do que isso signifique. Para ela, descansar era poder olhar para uma estrela e ter a liberdade de pensar que aquilo era somente um ponto de luz com milhares de anos, ou a representação piegas de uma esperança perdida. É, isso podia render um poema imortal ou talvez se transformasse na música que o mendigo cantarolava atirado no chão.

Aquela luz, inevitavelmente, voltou a ocupar seus pensamentos perdidos e confusos. E quando olhou, naquela janela, não havia vagabundos, nem gays, muito menos viciados. O que tinha ali era uma mãe embalando um bebê, um inocente bebê!, ao som de Stones. Ela nem quis mais saber, o mundo era realmente mais louco do que pensara até então. Beijou o seu garoto, voltou para casa e dormiu.

2 comentários:

Unknown disse...

uau
mas eh uma menina polivalente msm =D
t dolu, minha escrotora preferida
bjus =***

Poeta Punk disse...

morar em cima do bar seria otimo pra um poeta!!!gostei muito desse seu post....narrou a vida cotidiana de varios loucos de forma muito interessante e mesmo narrando a vida de loucos sem juízo, concluiu o texto com um tom materno de amor incomensurável!!!!