quinta-feira, 12 de abril de 2007

Você é um pecador?

Desde pequena me revoltava com o catolicismo e nunca soube explicar o porquê. Batizada na Igreja Católica e neta de uma senhora mui religiosa, logo segui o segundo passo do catolicismo: a catequese. Aquilo sim foi uma tortura pra mim, porque era tão livre e ingênua aos onze anos e achava horrível ficaram nos trancafiando a dogmas e nos fazendo achar que tudo era pecado.

Às vezes, acho que nasci com alma de artista. Nunca tive esses pudores quanto às coisas boas da vida, pelo menos no principio. Me lembro da única e ultima vez que me confessei, acho que estava me formando no curso da catequese. Foi horrível e inesquecível, porque naquele dia fiquei procurando meus pecados sem achar e aquele sentimento católico de culpa tomou conta de mim. Enfim, o pecado que achei foi ter falsificado a assinatura da minha mãe para uma provinha de colégio e ter mentido para ela. O padre me mandou rezar umas quantas ave marias e mais uns pai nossos e disse que depois disso eu estava perdoado por Deus.

A partir desse dia comecei a me questionar o que realmente eram os pecados e como uma pessoa tinha a capacidade de perdoar alguém por Deus. A conclusão que cheguei é que não existem pecados e sim, erros. Tenho certeza de que o meu deus entende e perdoa minha imperfeição. Desde então, tive certeza de que não era esse sentimento de culpa que eu queria pra mim. Acho hipocrisia uma pessoa dizer que Deus vai castigar alguém e o mandar para o inferno porque essa pessoa é um pecador se está escrito na Bíblia que ele ensinou a perdoar.

Quanto mais cresço mais convicção tenho da minha posição. Estudando a história podemos observar que essa mitificação do pecado se firmou lá pela Idade Média, quando a igreja queria arranjar uma maneira de controlar o povo e por isso incutiu nele a sombra da culpa. Na realidade, o grande pecado do homem é acreditar que nasceu pecador. Somos nada mais que humanos e o que é certo para uma pessoa, pode ser completamente errado pra outra. Não existem verdades absolutas. Viver e sentir todos os prazeres da vida é bom, se assim não fosse, não seria prazeroso. Portanto, não me considero uma pecadora e sim, uma pessoa que pode errar ou acertar, como qualquer outra.

Gabriela Vargas


Um comentário:

Julio disse...

Gabi, fico feliz que tenha comentado no meu blog e vim aqui retribuir.
Ser um pecador faz parte do processo, e perceber isso tão cedo é algo notável!

bjs!

PS: Claro que pode me colocar nos seus favoritos!