domingo, 8 de abril de 2007

A primeira rosa


Primeira rosa - a não ser aquela que ganhei na primeira infância de um namoradinho - misto de alegria, medo e maturidade. Em questão de pouco tempo nossa vida muda, nós crescemos, alguns amadurecem, outros não.

Vejo-me há um ano atrás, com uma profunda tristeza por estar fazendo 15 anos; medo de crescer, perder minha essência, virar um adulto conseqüente, careta, acomodado e sem-graça. Finalmente, veio a hora em que tive de escolher qual dos caminhos iria trilhar, aquele que havia escolhido antes, e que se contradizia totalmente: igual a todos, mais um qualquer, ter os mesmos gostos, não assumir meu verdadeiro eu; ou, ser simplesmente a Gabriela Vargas, com todos os defeitos e qualidades. Como sempre, tive de perder e sofrer para entender que a melhor opção era a segunda. Esses últimos tempos têm sido de profunda aprendizagem; a cada dia que passa, assumo mais uma parte de mim, permitindo-me ser contraditória, intensa, imperfeita, humana. Resolvi deixar fluir a vida. Como boa sagitariana, sou um poço de inquietude, preciso sempre sentir que estou viva, viajar, conhecer, ler, e é isso que tenho feito: o que me deixa feliz.

Incrivelmente, estou adorando essa nova fase: menina-mulher. E assim tem sido desde que percebi que sou livre para ser criança, pular na cama elástica nas festinhas infantis, brincar de dança da cadeira, mascar chiclete que deixe a língua azul, mas eu também posso ser adulta, fazer novas descobertas, ter sonhos, não importam quais, mas sempre tê-los, ir a festas, namorar, beijar, tomar o primeiro porre, assumir meu corpo não mais de garotinha, minhas formas de mulher e não achar que isso é ruim, porque não é. É lindo amadurecer. Ainda amo o Peter Pan e a Terra do Nunca, mas já não quero passar lá o resto dos meus dias, porque assim, não estaria fazendo o que mais tenho necessidade: viver.

Essa rosa foi mais uma evidência dessa fase inesquecível pela qual estou passando. Nesses últimos tempos conheci pessoas realmente maravilhosas que hoje, de uma forma ou de outra, fazem parte da minha vida, e me ensinaram algo bom. Algumas são meus exemplos, não para seguir, mas para inspirar a felicidade imediata e a certeza de um presente - aqui, agora, já - bom. Médicos, nutricionistas, psicólogas, escritoras, arquitetas entre tantos outros e claro, minha tia e toda a minha família. Porque o mundo pode ser louco e algumas pessoas mais insanas ainda. Porém, apesar disso, existe alguma certeza e paz e eu encontrei!

Gabriela Vargas


Foto(s): Carlinhos Rodrigues/ZH

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